
YOGA
Onde?
– Na BRINQUEDOTECA do DEDC-I.
Quando?
– TERÇAS & QUINTAS.
Qual o horário?
– 9:00 horas & 18:15 horas
Mas o que é Yoga?
(Prof. Paulo Wenderson Teixeira Moraes, 2024)
A palavra “Yoga” agrega um conjunto de significados e práticas inumeráveis. Na origem em sânscrito, a raiz “yug” pode ser traduzida como “jungir”, “prender” ou “juntar”. Quando se coloca a canga ou o jugo sob um animal, prepara-se para o trabalho. Nessa acepção, cabe também o significado de “adequar”, “preparar” ou “utilizar”. Em algumas tradições, trata-se de uma preparação para a “União” ou “Religação” com a energia criadora do universo. Em sentido amplo, o Yoga pode ser definido como a ciência da religação com Deus, integrando conhecimentos metafísicos milenares, com métodos de introspecção replicáveis por qualquer indivíduo e uma prática que produz a resultados autoverificáveis e comparáveis com as experiências descritas em textos consagrados dessa arte. Essa integração entre arte, filosofia, ciência e religião ainda se constitui como um desafio à mentalidade racionalista, tendo em vista que a ciência moderna estabeleceu como prova de validade de uma experiência a publicidade a partir da observação externa. A introspecção ou observação de si mesmo ainda é pouco utilizada como instrumento de validação de conhecimento científico devido às dificuldades de controle e comparação entre diferentes pontos de vista da subjetividade de cada indivíduo. Mesmo com esse obstáculo epistemológico, diferentes formas de Yoga vêm sendo utilizadas em diferentes contextos, com deferentes objetivos e alcançando resultados relevantes para a comunidade científica.
No contexto ocidental, a principal motivação para praticar Yoga poder ser a necessidade de atividade física e o alívio do estresse, além da conquista de uma boa forma física, mas muitos encontram, ao longo do percurso, um caminho para desenvolver a espiritualidade e isso pode se tornar a razão primária para manter o hábito dessa milenar arte (PARK; RILEY; BEDESIN; STEWART, 2016). Para quem se permite a disciplina das posições (āsana) e dos exercícios respiratórios (prānāyāma), elimina-se uma série de problemas de saúde que são acarretados pela vida sedentária e estressante do mundo urbano contemporâneo, entretanto, tal prática permite atingir um grau de concentração incomum e que se relaciona com o desenvolvimento de princípios morais e espirituais (HERMÓGENES, 2007).
O Yoga está intimamente ligado ao bem-estar e vem sendo objeto de pesquisas científicas que comprovam a eficácia das técnicas oriundas da Índia, como a meditação e exercícios respiratórios, no combate a uma série de problemas de saúde e na manutenção da qualidade de vida. Sem considerar a dimensão espiritual dessa arte de origem indiana, muitos resultados positivos têm sido encontrados no alívio de sintomas das mais diversas mazelas que acometem a humanidade: fadiga respiratória persistente em sobreviventes ao câncer de pulmão (BOWER; GARET; STERNLIEB; GANZ et al., 2012); ansiedade e depressão em pessoas com Mal de Parkinson (KWOK; KWAN; AUYEUNG; MOK et al., 2019); arritmia (LAKKIREDDY; ATKINS; PILLARISETTI; RYSCHON et al., 2013); hipertensão (PINHEIRO; MEDEIROS; PINHEIRO; MARINHO, 2007; WANG; XIONG; LIU, 2013; WOLFF; BRORSSON; MIDLÖV; SUNDQUIST et al., 2017); reabilitação de ataque cardíaco (LAWRENCE; CELESTINO JUNIOR; MATOZINHO; GOVAN et al., 2017; PRABHAKARAN; CHANDRASEKARAN; SINGH; MOHAN et al., 2020); dor crônica (LI; LI; JIANG; YUAN, 2019; TEKUR; NAGARATHNA; CHAMETCHA; HANKEY et al., 2012); depressão (PILKINGTON; KIRKWOOD; RAMPES; RICHARDSON, 2005); mal humor e ansiedade (SILVA; RAVINDRAN; RAVINDRAN, 2009; SMITH; HANCOCK; BLAKE-MORTIMER; ECKERT, 2007; VORKAPIC; RANGÉ, 2011); esquizofrenia (VARAMBALLY; VENKATASUBRAMANIAN; GOVINDARAJ; SHIVAKUMAR et al., 2019); e asma (YANG; ZHONG; MAO; YUAN et al., 2016).
Outro campo onde se encontra uma ampla utilização de técnicas oriundas do Yoga é a educação. A partir das dificuldades em auxiliar alunos a se concentrarem, a professora Flak (2007) organizou uma série de atividades que trabalham etapas da preparação para um estado superior de concentração, adaptando as técnicas milenares ao ambiente escolar. Essa experiência dessa professora polonesa foi o início de uma política pública que culminou na implantação do Yoga na educação pública francesa e fundação do RYE (Recherche sur le Yoga dans L’Éducation), um instituto voltado para a pesquisa do yoga na educação. Um dos objetivos é facilitar o desenvolvimento pleno das crianças (FLAK, 1997; ZORN, 1973). A escola é um ambiente adequado e estratégico para melhorar a saúde da criança ou adolescência através de práticas como o yoga que lhes ensinem a se concentrar e ter uma postura corporal firme e flexível, o que impacta no bem-estar e na saúde mental (KHALSA; BUTZER, 2016). Até mesmo na pré-escola são encontrados resultados positivos do Yoga relacionados com o estabelecimento do autocontrole na rotina das crianças (RAZZA; BERGEN-CICO; RAYMOND, 2015). Além disso, em uma escola para crianças com distúrbios emocionais e de comportamento também foi encontrado um resultado positivo (STEINER; SIDHU; POP; FRENETTE et al., 2013).
Esse panorama leva a um grande problema relacionado à propaganda excessiva, uma vez que muitos estão à procura de uma fórmula simples para resolver todos os problemas. Alguns chegam a afirmar que o “Yoga é tudo” sem perceber a problemática subjetiva relacionada com a adoção de uma nova disciplina e hábitos estranhos na rotina de uma pessoa (SMITH; ATENCIO, 2017). Dois pontos iniciais para começar a implantação de um programa qualquer para promover o bem-estar e a qualidade de vida é a vontade do sujeito implicado no processo e o suporte social para trocar hábitos prejudiciais por rotinas mais saudáveis. Não há, portanto, uma regra única e uma receita que garanta resultados positivos. O que se sabe é que esse enorme volume de resultados encontrados na literatura científica são difíceis de serem avaliados em conjunto, pois há uma grande variação nos métodos e práticas de yoga utilizados, variação ampla no tempo e quantidade das sessões, nos tipos de indivíduos e contextos sociais, tornando sempre um desafio tentar implantar uma prática em qualquer contexto que nunca teve contato com tal experiência (ELWY; GROESSL; EISEN; RILEY et al., 2014; FIELD, 2016).
O nosso objetivo com a oficina de Yoga é:
Desenvolver a consciência através do Yoga
Os Objetivos específicos são:
1. Praticar alongamentos (āsana) e dos exercícios respiratórios (prānāyāma) para desenvolver um corpo firme e flexível;
2. Praticar meditação e consciência corporal;
3. Aplicar técnicas de relaxamento e concentração mental;
A ideia de promover o bem-estar através do Yoga vem sendo adaptada ao contexto universitário com uma pequena introdução à filosofia do Yoga juntamente com a realização de atividades práticas para exercitar as posturas (āsanas), que desenvolvem a flexibilidade e a firmeza do corpo, auxiliando no equilíbrio emocional e mental. A iniciação ao Yoga se dá através do aprendizado de posturas básicas. Uma posição, cujo nome na tradição indiana se chama “āsana”, procura desenvolver aspectos específicos do corpo que propicia um conforto primordial para entrar em estado de meditação. Já o exercício respiratório, também denominado de “prānāyāma”, tem um efeito de controlar a ansiedade e diminuir os batimentos cardíacos através da manutenção de uma respiração longa e profunda. (HERMÓGENES, 2007). É preciso, entretanto, respeitar o tempo de cada corpo, que possui suas singularidades e rigidez adquirida por causa da ausência de treino (MORAES, 2015). Um programa didático avança aos poucos na conquista de cada milímetro de flexibilidade e de cada segundo a mais, concentrado numa postura (MORAES, 2020).
É necessário uma sala ou um pátio no qual seja possível sentar no chão. Para isso recomenda-se alguma esteira ou emborrachado para acomodar mais confortavelmente o corpo do iniciante. Um grupo de 20 pessoas, para uma sessão semanal de uma hora, ao longo de quatro meses é um começo para iniciar pessoas ao Yoga. Na brinquedoteca temos alguns emborrachados que utilizamos para nossa prática e esperamos que cada dia a prática seja prazerosa e traga benefícios para todos que se dedicarem a essa forma de cuidado de si.
Referências Bibliográficas:
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DERLIC, D. A Systematic Review of Literature: Alternative Offender Rehabilitation—Prison Yoga, Mindfulness, and Meditation. Journal of Correctional Health Care, 26, n. 4, p. 361–375, 2020.
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